31 de dezembro de 2011

algar

O que está para além de nós ou da nossa percepção racional e material da vida?

Vou terminar o ano neste diário com uma história... um ano que, vendo bem, vendo bem (apesar de ter perdido as minhas botas, de acontecimentos tristes e do contágio 'crisesco' ) até teve coisas muito boas!

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No outro dia o Rogério perguntou-me se eu estava interessada numa máquina de costura mecânica, de 1939, pois a mãe dele queria desfazer-se de uma para a qual já não encontrava lugar em casa.
- Parece-me que é uma Algar (marca), disse ele.
- Algar? - hum, esse nome não me é estranho, pensei eu - Sim, quero! Se mais ninguém quiser...

Entretanto, fiquei a pensar no nome, Algar, e à noite perguntei ao meu pai se o conhecia.
- Sim - responde o meu pai - eram as máquinas de costura que o teu bisavô (avô da minha mãe) vendia. Era a marca dele, com o nome dele, António Lourenço Garcia.
- Ah, bem me parecia que o nome me era familiar - disse eu, surpreendida com tanta 'coincidência'.
- Essa máquina só tem um ponto, a direito - diz o meu pai, que toda a vida trabalhou com máquinas de costura.

- Não faz mal, também só sei coser a direito ":))

Setenta e dois anos mais tarde, três gerações mais tarde, volta à mesma família uma máquina de costura comprada na loja do meu bisavô, na Rua da Graça, loja essa que já não existe.  Uma máquina que não precisa de eletricidade para coser e a funcionar em pleno.

Coincidência? Não sei ...
Sou pouco dada a transcendências, forças superiores ou o que lhe queiram chamar mas há aqui qualquer coisa de fechar de ciclo, uma ligação, manifestada através de um objecto. Não um objecto qualquer mas um cuja expressão foi a vida de trabalho de três gerações: bisavós, avós e pais.
- Também... só podia acabar comigo, sempre fui aldrabona a coser, seja à máquina ou à mão ":)

Coincidência ou não, a possibilidade de 'recuperar' um objecto criado pelo meu bisavô traz-me uma sensação de pertença, de um lugar onde caibo, de vir de algum lugar. Não pelo objecto em si mas pelo valor simbólico que representa para mim. Faz-me pensar porque será que certas pessoas se cruzam connosco na vida, umas e não outras.

Um novo ano bom para vocês todos!

Paula

5 comentários :

Isa disse...

Que bela coincidência:)
Que em 2012 continue a encher o meu coração de beleza com as suas criações.

Um beijinho
Isa

horticasa disse...

Que linda história de família, acho que esse tipo de coisas que são testemunhas do passado, devemos preserva-las e estima-las.
Feliz Ano Novo
bj eugénia

Trumbuctu disse...

Feliz Ano Novo para vocês também :)

Unknown disse...

:)...Uma história bonita!
Bom ano,cheio de dias bons,bonitos e felizes.

Trumbuctu disse...

Uma ano cheio de dias bonitos também, Anabela :)