9 de novembro de 2012

o silêncio da terra

O silêncio da terra é quase como o silêncio que escutei no fundo do mar.
Hoje escutei o silêncio da terra.

   (♥) Paula

1 de outubro de 2012

druídas e druidesas



(...)
- Oh, Amélia! Passamos o tempo cheios de projectos para a vida mas nunca deixamos a vida mostrar-nos os projectos que ela tem para nós .... (...)

in Grande Reportagem SIC - Vida de Artista, 30 de Setembro de 2012.
Referência da actriz Amélia Videira ao que o professor Agostinho da Silva lhe disse um dia.

Eu deixei, finalmente! Estou na Noruega há cerca de um mês. O Trumbuctu veio comigo pois ele não é mais do que o mundo visto através dos meus olhos.

 (♥) Paula

4 de maio de 2012

How can one prevent a drop of water from ever drying up?
(Como se pode evitar que uma gota de água se evapore?)

A resposta está num filme maravilhoso, Samsara de Palm Nalin.

   (♥) Paula

16 de abril de 2012

morugem





Da horta: morangos, flores de salva e morugem (Stellaria media), uma erva para a qual já tinha olhado e que me pareceu comestível. Lembro-me vagamente de alguém um dia me ter chamado a atenção, aqui no terreno, para uma planta que acho ter sido esta. Identifiquei-a  através do livro Top 100 Plantas Medicinais, de Anne McIntyre e fui confirmar no site Plants For A Future. Segundo esse site tem um valor razoável como planta comestível e pode ser cultivada como legume. Ainda de acordo com a mesma fonte não convém comer com muita frequência pois contém sapomina.

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Flor da morugem. Minúscula! Linda!

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Salada de abóbora com morugem e flores da salva, temperada com azeite e limão, e acompanhada com creme de amêndoa.

   (♥) Paula

PS- As fotos ultimamente têm-me saído um pouco(?) desfocadas, Há coisas que não tenho conseguido (não quero?) ver ou será só falta de luz?

12 de abril de 2012

as guardadoras de amores




A Milú chegou, ontem, com a sua prol de cinco pintainhos. Lindos! Não percebo porque tinha eu medo de galinhas (?); já pego nela com à vontade e nos pintos ainda mais. O galinheiro foi terminado já à pressa porque ela estava fechada, sem poder andar ao ar e a esgravatar, a ensinar~lhes a vida. Passo horas a observar. Enquanto eles forem assim pequeninos não os solto mas logo que cresçam solto-os todos num pequeno recinto. Tem de ser tudo em pequenos passos porque a gata também vai ter de se habituar aos novos habitantes.

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As galinhas podem ser animais muito especiais. Deram-me a ler uma história, verídica, de um amor secreto e proibido, guardado durante muito tempo por seres assim especiais - as guardadoras de amores. Durante um longo tempo, anos talvez, dois seres apaixonados tinham como único elo de ligação as cartas que escreviam um ao outro. As que ela recebia, do seu amado, eram guardadas debaixo dos ninhos das galinhas, com toda a cautela e cuidado para ninguém desconfiar, e mais tarde lidas e relidas, vezes sem conta, até o amor não caber mais dentro do peito. E elas, as galinhas, souberam guardar bem esse segredo. Eu, mais não posso contar.  

 (♥) Paula

10 de abril de 2012

jasmim, alecrim e outras coisas assim






Eu sei, eu sei. As actualizações não têm sido muito frequentes mas já faz algum tempo que o meu acesso à internet não é dos melhores. Também me resta pouca paciência para tratar com call centers, atrás dos quais as empresas se escondem. E a vida tem tanto para viver que às vezes sobra pouco tempo para vir aqui. Mas a horta, essa, faz parte de mim todos os dias.

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No Domingo andei a colher flores de jasmim e alecrim para fazer óleo. Semeei cravínias, mostarda branca e amores perfeitos, plantei bolbos de anémonas e transplantei algumas flores de vaso para canteiro.

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O galinheiro está quase pronto! Insisto em não fazer planos em papel e sou frequentemente confrontada com dificuldades de execução, problemas que deviam ter sido resolvidos no papel. Demoro mais tempo, desespero, mas no fim tudo se resolve; já só faltam as portas, nos topos, para acesso ao comedouro e ao ninho. A Milú está quase em casa!

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Salada de favas florida com borragem borragem-bastarda (Anchusa azurea). Fui a casa de um amigo que tem um campo imenso de borragem borragem-bastarda. Sexta-feira volto lá para apanhar mais flores.

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 O lugar preferido da Estrela, junto da melhor figueira que temos por cá.

   (♥) Paula

20 de março de 2012

trabalhos de Março



Mais uma tentativa de plantar batatas numa caixa depois do fraco resultado do ano passado. Mas já vi que não fui só eu. Se desta vez não resultar de novo arrumo a ideia de lado e aproveito a caixa para outra cultura. Sei que agora alimento não será o problema.

Na estufa tudo corre pelo melhor. Vou fintando as formigas, que insistem em lá fazer ninho, com malagueta lá plantada. Mas ainda tenho muito trabalho pela frente a preparar o local para onde irão tantas plantinhas.

   (♥) Paula

18 de março de 2012

o acordar da Primavera






Por ordem de sequência as árvores
ameixieira branca, plantei três; limoeiro, quase morreu com a geada mas a recuperar; salgueiro, estou determinada a que fique como um que tivemos, frondoso, mas que teve de ser cortado; diospireiro; nectarina, ainda uma árvore muito nova; pessegueiro, podas que a minha fez quando no local onde conhecemos esta casa;  romanzeira - no ano passado deu duas ou três romãs - ainda jovem; e uma das pereiras, que o ano passado já deu algumas peras. E as laranjeiras já com alguma flor.Há mais mas ainda só com brotos.

   (♥) Paula

16 de março de 2012

o escuro de Outubro


O escuro de Outubro, palavras ditas pela Ti Maria Arsénio - como pediu para ser chamada - ao explicar-nos quando tinha semeado o cebolo. Estas palavras ecoaram cá dentro - o escuro que há dentro de mim. O escuro de Outubro é a passagem da lua nova para quarto crescente; enquanto explicava fazia acompanhar-se de gestos largos, apontando o lado em que a lua nascia, cheia, e o outro, oposto, em que no céu, negro, nada se via a não ser o escuro de Outubro. A sua linguagem era tão expressiva que me transportou para outro tempo, para um tempo antigo em que o homem lia nos astros, no vento, no escuro a melhor altura para as sementeiras. E senti-me na noite apesar de ser dia.

A conversa desenrolou-se ao mesmo tempo que ia desbastando o cebolo para me dar alguns pés, enquanto eu e a Zília, que me levou a conhecer esta senhora de quase oitenta e um anos, íamos tirando alguma erva da pequena leira. Finalmente percebi a diferença entre cebolo e cebola. Dizia ela que o cebolo é o pai da cebola. O cebolo nasce da semente de cebola e quando pronto é transplantado para depois dar a cebola. Trouxe mais de cem pés, semeados no escuro de Outubro, e agora transplantados quase no escuro de Março, que deverá ser lá para dia vinte e três.

   (♥) Paula

PS- Vou arranjar um gravador.

13 de março de 2012

sopa e sobremesa cruas



Soube por uma amiga a receita, sopa de pera abacate. Pura delícia! Quando cheguei a casa já me tinha esquecido dos ingredientes, só me lembro que levava sumo de uma lima. Encontrei esta receita mas não tinha todos os ingredientes em casa. Então, fiz com o que tinha e adaptei as quantidades:

Sopa de abacate (1 dose)
- 1 pera abacate
- sumo de um limão
- 1/4 de um pepino
- cominhos e sal a gosto
- 1 copo pequeno de água

Triturei tudo no liquidificador, coloquei três colheres de creme de nozes e colori com rebentos de alfafa e pétalas de calêndula.

Creme de nozes
- dois punhados de nozes hidratadas
- 2 colheres de sumo de limão
Não juntei sal ao creme pois guardei parte dele para fazer uma sobremesa

Manga com creme de nozes (2 doses)
- 1 manga descascada
- creme de nozes
- 1 colher de chá de mel de tomilho

Triturei a manga e enformei. Ao creme juntei a colher de mel e sobrepus, em camada, à manga.

Nota: O mel de tomilho é o meu preferido. É colhido (só) durante o mês de Junho, quando o tomilho selvagem se encontra em flor nas dunas da praia. Costumo comprar ao Sr. Francisco, no mercado, que me explicou como o faz. Leva as abelhas e as colmeias para as dunas para depois fazer o mel.

12 de março de 2012

❀ ☉ ☖ 〷





Para quem, como eu, não conhecia a flor da salsa.

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Quase 100% cru. Salada de agrião com Tsatsiki , rebentos de alfafa e arandos vermelhos (a minha última descoberta alimentar), cenoura ralada e tosta de trigo sarraceno germinado. O Tsatsiki faço com Kefir (muitas vezes chamado de flor do iogurte), em leite vegetal. Infelizmente, com os leites vegetais que faço ainda não consegui que resultasse. Compro leite vegetal biológico de soja e arroz. As tostas de trigo são desidratadas em forno aberto, com a temperatura no mínimo e que verifico várias vezes.

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A estufa no inicio de Março. Mal nascidas, as plantas estavam, afinal, a precisar de alimento. Reguei com chorume de urtiga, intercalando com água de estrume. Tudo ganhou vida nova vida e as plantas estão agora em franca recuperação. A partir de meados de Março começam as transplantações. Em breve publicarei um post sobre o que faria de diferente na, e com, a estufa.

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Ensaio para o galinheiro, ou melhor, tractor de galinhas - será móvel para poder andar com ele pelo terreno. De um lado a casinha para dormir, do outro a zona da água e do alimento. No meio levará rede galinheira. Quando estiver mais habituada às galinhas solto-as na horta.

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Sementeira em viveiro

 07/03
pepino, couve chinesa, feijão rasteiro, lufas, pimento vermelho, abóbora hokaido, meloa, abóbora menina, pimentos

08/03
feijoca, malagueta

10/03
nabo roxo,  cebolas, cenoura e nabo de Milão

Nota: as cebolas podem ser semeadas até Maio, sendo que as de Maio darão as cebolas para o inverno. A partir de agora podemos espaçar as sementeiras directas com intervalos de quinze dias, por exemplo do feijão rasteiro, dos nabos, das cenouras, para colhermos estes legumes até mais tarde.

11 de março de 2012

da horta, em Março







Durante o Inverno o que mais me custou foi manter a minha alimentação, vi-me condicionada a reduzir a quantidade de alimentos crus, tenho feito mais ou menos 50% de cada. Por um lado porque da horta pouco podia colher, por outro tinha vontade de alimentos quentes, e por último o trabalho por aqui tem sido tanto (com muitos acontecimentos pelo meio) que se tornou difícil de gerir. Mas em dias de sol, quentes, com a Primavera a anunciar-se torna-se mais fácil. O almoço de um desses dias, 100% cru: ' queijo de amêndoa' polvilhado com sementes de linhaça dourada, salada de alface, de cenoura com nabo e coentros a que juntei pedaços de maçã. Tempero com azeite e limão.

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Lã para pentear, dada pela Zília, para juntar à que comprei ao Sr. António mas que ainda está por lavar. Um dia farei um edredão com ela.

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E agora, apresento-vos a Milu que em breve será um dos novos habitantes da horta, oferta também da nossa amiga Zília. Tenho ido visitá-la e aprender a não ter medo de galinhas. Pois é, não tenho propriamente medo delas mas não estou habituada. Tinha receio das bicadas mas afinal não dói nada :) Virá ela, um galo e alguns pintos para ajudarem com a erva, para darem estrume e ovos para os cestos da horta, e um dia morrerem de velhos.

A Milu vive perto de um montado onde gosto muito de passear.

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Os primeiros rabanetes da estufa. As favas foram quase todas destruídas pelo gelo das noites frias, partiram. Valeu-me ter semeado mais umas, já tarde, e que espero possam dar alguma coisa. As ervilhas também vão crescendo mas como diz o ditado: Vai à fava enquanto a ervilha enche!

16 de fevereiro de 2012

gente de fibra


Contra a força da natureza não se luta, é uma batalha sempre perdida, a única, acho. E como não chove há que aproveitar o sol. Preparo as camas para a Primavera com manga transparente, o principio utilizado na monda quente. Queimam-se, assim, as ervas sem mexer no solo, sem destruir a vida que ele contém. Quase o mesmo que as geadas têm feito com as favas, as árvores de fruto e muitas plantas aromáticas... até dentro da estufa!

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Memórias do passado dia 11 de Fevereiro.
Gente de fibra, numa luta, essa sim, que vale a pena travar. Indiferença, desistência, não!! Encontrei um antigo vizinho da minha infância, hoje com oitenta e oito anos. Lá estava, rijo - apesar de aparente Parkinson - na frente de arranque da manifestação. Gente de fibra como ele são uma fonte de inspiração. Quero ser assim aos oitenta e oito anos, se lá chegar. Não desistir, não fingir, não ficar indiferente. Sim, é isso! Não ficar indiferente. Quero sentir o sangue a correr-me nas veias! Quero ser como as árvores, para morrer que seja de pé.

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E a música. Ah, a musica ... salva-me muitas vezes de mim. Hoje é Sara Tavares. Não gostava muito dela mas há dias ouvi-a numa entrevista e surpreendeu-me, alguém tão jovem e já com tanta sabedoria. Procurei algumas musicas, gostei. Gostei dos ritmos, da voz, da poesia.

Ando em replay continuo com esta - ' deixa-me ser só ser'.
Sim, deixem-me ser só ser. É possível??

8 de fevereiro de 2012

'walking the right away'


Uma das musicas do filme The Station Agent que vi recentemente em dvd. As composições sonoras foram surpreendentes, como esta também (podem ouvir várias aqui), o filme, uma inspiração ... Como um livro que chegou ao fim e que não queríamos que acabasse. Tempos e lugares emocionais, já pouco vistos, dados por excelentes actores. O trailer é pouco elucidativo mas o filme não percam!

24 de janeiro de 2012

ir e vir






Lisboa.
A minha cidade.
19 de Janeiro de 2012.
A nítida percepção de um lugar onde já não consigo viver mas que gosto de visitar.

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Algar.
A. L. Garcia.
As máquinas de costura do meu bisavô. A caderneta, tão amorosamente guardada, do pagamento das prestações de uma máquina que veio parar às minhas mãos setenta e dois anos mais tarde, pela mão do Rogério.

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De regresso à horta, ainda parca em legumes para comer só com favas e ervilhas a crescer. Uma volta pelo terreno trouxe-me saramago (Raphanus raphanistrum), dente-de-leão (Taraxacum officinale) e catacuzes (Rumex crispus) para fazer um batido de ervas.
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Folha do dente-de-leão. A sua textura e os pelinhos ajudam a distingui-la de outras muito parecidas.
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Batido de ervas selvagens com banana e limão. Foi o meu jantar de ontem, altamente nutritivo. Acompanhei com bagas goji e crakrers barrados com pasta de sementes de girassol germinadas. No fim uma sopa de lentilhas e fiquei cheia ":)

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Quando regressei fui ver a estufa. Os potes, em sete dias, já estavam com menos de metade da água.

14 de janeiro de 2012

estufa - parte II



[actualização de 13.01.12]
A lista de espécies semeadas em estufa aumentou
- alface (por engano pois não é fruto, é folha)
- abóbora-menina
- tomate variedade antiga de França, trazida pela Murielle (guardei a semente mas não etiquetei)
- malagueta redonda
- alho-francês
- beringela
- pimentos verdes (variedade de França, trazida pela Murielle)

♪♪♪

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13 de janeiro de 2012

a estufa - parte I







Na minha cabeça os projetos são sempre fáceis e rápidos de executar. Traço planos mentalmente - raras são as vezes em que os coloco em papel - e pronto, já está! Mas depois, com a mão na massa, as coisas complicam-se e vejo que afinal não é assim tão fácil ou tão rápido. Sou persistente [e teimosa :|] e normalmente, depois de alguns resmungos e desânimos, chego ao fim. E agora já posso andar em pé dentro da estufa!

Foi feita aproveitando bocados de tubo e fitas de rega velhos, engenho utilizado há muito pela gente da terra. Só comprei o plástico. Os tubos estão encaixados em tubos de esfregonas enterrados e espias de aço (era o que havia por aqui) e presos uns aos outros pelas fitas de rega; a parte traseira está fixada à empena da casa das ferramentas em quatro pontos com abraçadeiras de espigão (?).

A parte do plástico foi um pouco mais complicada de fazer, tenho sempre receio de cortar (plástico ou tecidos, se bem me entendem). Bom, cortei, cobri a estrutura e abracei os tubos do topo com o plástico, posteriormente presos com o auxilio de um agrafador industrial. Depois, cortei o plástico para os topos e voltei a abraçar os tubos com ele, novamente com agrafos. A base do plástico, do lado de fora e depois de bem esticado, fica enterrado na terra.

Os potes de barro - wetpots - serão o sistema de rega utilizado, técnica da qual já falei aqui. Também podem consultar o Instituto de Permacultura da Austrália onde este sistema de rega ancestral está muito bem explicado (em inglês).

Num dos estudos que referem, potes com capacidade de cinco litros irrigam um diâmetro de vinte cinco centímetros. Na estufa verifiquei que, após estarem enterrados e cheios de água, a dispersão é lenta e ao fim de dois dias estava ainda a escassos centímetros do pote. Isto pode dever-se ao substrato de germinação que utilizei. Vamos observar...